domingo, 13 de setembro de 2009

Novos livros em arte paleolítica: Creswell Crags



Coordenado por Paul Bahn e Paul Pettitt, em edição da English Heritage 2009, foi há pouco publicada a esperada monografia das gravuras de Creswell Crags, quase todas incisas na pequena cavidade de Church Hole, o primeiro sítio com arte parietal plistocénica até agora descoberto nas Ilhas Britânicas (revelado em 2003). E não foi uma descoberta casual, mas antes um projecto pensado, conduzido e apoiado por autênticos especialistas em arte paleolítica, nomeadamente Michel Lorblanchet. Não havia de facto razão plausível para que a arte paleolítica não se tivesse expandido até às Ilhas Britânicas. E mais sítios aí aparecerão.

Após análises extremamente difíceis e minuciosas em paredes muito erodidas e irregulares, são identificados e agora publicados 25 motivos incisos, que os autores consideram como tendo morfologia glaciar (Magdalenense). E alertam para as dificuldades que tiveram de ser ultrapassadas neste tipo de levantamentos rupestres, considerando-se (e bem a nosso ver) que é preferível deixar de fora os casos duvidosos, do que publicarem-se desenhos erróneos que apenas irão introduzir ruído nos debates sobre as temáticas paleolíticas e as suas tabelas de dispersão. E nisto nos irmanamos, nesta necessidade de rigor na análise da arte rupestre - e não só na paleolítica.

O estudo de Creswell Crags é aliás exemplar pelo debate que originou sobre a metodologia dos levantamentos em arqueologia rupestre, concluindo-se que é fundamental o conhecimento pluridisciplinar muito aprofundado quer dos sítios em análise, quer da "maneira" de trabalhar (o estilo, a técnica, a forma de elaboração, o espírito do tempo...) dos próprios artistas. Tudo afinal o que sempre defendemos (e praticamos) no Vale do Côa.

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