quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A fala da ex-Ministra

Público 19.Nov.2008

Depois do ministro (último Expresso), a ex-ministra. E a tese explica-se em duas linhas: é preciso alargar as competências do Ministério da Cultura, anexando-lhe o Turismo, e não extingui-lo, como alguns propõem (Walter Rossa, no caso), face à sua insignificância orçamental cada vez mais ridícula - é o termo.
Por uma vez concordo. Por natureza, desde os tempos em que contribuía para conter o pouco criterioso turismo verde da Peneda-Gerês (introdução de portagens na Mata de Albergaria, vedação de acessos às zonas mais elevadas e de reserva da serra do Gerês...), sou um desconfiado das virtudes do turismo "tout court". Mas nos mais de 35 anos que levo de envolvimento nas problemáticas arqueológicas em Portugal, reconheço que sem turismo não há salvaguarda do património que resista... 
É isto suficiente para que o Ministério da Cultura anexe competências alargadas na área do Turismo a ponto de considerarmos a criação de um Ministério da Cultura e Turismo? É! Caso contrário estaremos (militantes do património em geral) condenados ao insucesso. E perante os problemas do mundo actual exige-se pragmatismo.

O caso do Vale do Côa é paradigmático a este respeito. Contribui, e assim continuo, para a salvaguarda da arte do Côa e para a sua conservação no interior de uma área classificada como Parque Arqueológico, que quando foi criada não tinha sequer suporte legal a enquadrá-la. Passados estes anos, guerra ganha por entre uma que outra batalha menos bem perdida, parece termos caído num impasse, já que o turismo é por (quase) todos apontado como a "salvação" dos sítios arqueológicos. Não é bem assim, mas quase. Se continuarmos (e parece que assim será) limitados às benesses de um estado centralista e macrocéfalo como o que agora temos, longe de uma certa regionalização que os políticos temem e teimam em esquecer, então que seja o turismo a bóia de salvação. Mas gerido por agentes da cultura!

Mas pergunto: que fazem os responsáveis políticos quando detentores do poder? Parece que se limitam a geri-lo, reestruturando, reestruturando...  sem fim à vista...

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